“A metanoia, segundo Carl Jung, é um movimento da nossa psique, um processo de transformação psicológica e espiritual. Esse processo vai se instalando devagarinho na idade adulta, culmina na virada dos 30 para os 40 anos e avança pela maturidade. Nesse processo, somos chamados a encarar os nossos conflitos interiores, complexos, traços da nossa sombra. Em que grau atendemos a esse chamado, isso varia para cada um. Alguns irão se engajar numa profunda reforma interior, outros nem tanto, outros ainda poderão ignorar esse chamado. E está tudo certo. Nada que vivenciamos neste plano é em vão.
O Renato, aquele amigo e aluno que me passou conteudos sobre a Walewska, há alguns anos está vivenciando sua metanoia. Ele foi um homem com uma grande necessidade de ter – ter recursos materiais, ter pessoas por perto, ter um relacionamento afetivo. Ter era algo que supria as suas carências nos aspectos material e emocional, e também era um fator de autovalidação. Ele vinha sendo um profissional bem sucedido no mercado financeiro e se identificava muito com seus resultados, seus ganhos e bônus. Aos 30 e poucos anos, teve um episódio de depressão, a partir daí buscou uma psicoterapia e começou um longo processo de autoconhecimento, cura emocional e ressignificação de muitas coisas. De certa forma, a psicoterapia é como uma escavação arqueológica: você desenterra um pequeno objeto, reconhece aquilo, passa um tempo sem desenterrar nada, aí encontra algo maior, e assim vai. Recentemente, numa fase crítica desse processo, o Renato se demitiu do trabalho e resolveu dar um tempo para apenas se cuidar e se reencontrar.
Neste momento está repensando o modo como vê a si mesmo: “Eu sou esse cara renato@bancoxpto? Quem é o Renato?”
A resposta ele ainda não tem, mas a pergunta, isso ele já fez.”
Trecho do Autoconsciente Podcast episódio 144 – “Resultados não são tudo na vida”, assista: