A tagarelice mental é condição exclusiva dos seres humanos e tem um importante papel em nossa vida. Ela nos ajuda a imaginar cenários futuros, inventar coisas, fazer reflexões e por aí vai. Mas, como muitas coisas, isso tem alguns inconvenientes também. Quando nossa mente fica divagando demais, perdemos o foco, damos asas à preocupação, ruminamos fatos passados, alimentamos sentimentos negativos e nos colocamos no piloto automático. A solução pode ser simples, mas nem sempre fácil de ser aplicada.
Neste mundo acelerado e hiperconectado, nos envolvemos com uma infinidade de coisas e é bem fácil se desconectar da gente mesma. Dispersamos atenção com o que é irrelevante e nem sempre conseguimos focar no que realmente importa. Nossa mente viaja no tempo e no espaço e ignora o aqui e agora, que é onde a vida acontece.
Pesquisas comprovam que pensamentos divagantes fazem parte do modo natural de funcionamento do cérebro, algo habitual que vivenciamos sempre que não estamos prestando atenção em alguma coisa. Acontece que uma mente divagante é uma mente geralmente triste, já que em quase 60% do tempo em que as pessoas divagam elas se sentem infelizes, como demonstrou um artigo publicado na revista Science.
É na divagação que brotam os pensamentos mais obscuros e as preocupações com o futuro. Nascem a ansiedade, as ruminações com o passado, pensamentos que alimentam a culpa, a lamentação, o negativismo, o autojulgamento impiedoso, a mágoa, a raiva e tantas outras sensações e emoções perturbadoras. Sem contar que, enquanto divagamos, colocamos no piloto automático aquilo que estamos fazendo e tiramos o foco do presente. Num instante puxamos para a mente coisas que precisamos fazer no dia seguinte, apreensão com o que pode acontecer, tudo isso misturado enquanto tomamos banho, trabalhamos, comemos, dirigimos, etc e tal.
A divagação mental faz isso: ela nos tira do aqui-agora, que é onde a vida acontece. Ficamos alheios à própria vida, distantes das pessoas e de nós mesmos. Tudo bem que divagar é parte do que somos como seres humanos, isso tem o seu papel. Mas precisamos ter domínio das nossas divagações e conversas conosco mesmos, colocar rédeas nelas, ser capazes de contê-las quando não são convenientes. Manter a atenção naquilo que estamos fazendo no momento, com a mente focada no presente é algo importante a ser exercitado.
Este conteúdo foi extraído do episódio 4 -“Nossa mente divagante” do Autoconsciente Podcast.